Na Beira do Abismo (Republicando)

Porque eu acho que tô nessa vibe, o blog é meu e eu republico na hora que eu quiser.
#SouDesses

Na Beira do Abismo

Já compararam o ato de apaixonar-se com jogar-se de um abismo: você sabe que a queda é dolorosa, mas a sensação de pular, o frio na barriga, o vento no rosto, o sentir-se vivo, inteiro, faz tal loucura valer pena.

Você está sozinho e procura por alguém. Fato: o ser humano não sabe ser sozinho. Procura sua metade, alguém que lhe faça bem, que o complete. Mas nessa busca (que não é fácil, muitos sequer conseguem terminar essa jornada) você acaba se deparando com questões complexas, como ‘O que eu realmente quero?’. Afinal, se todo mundo busca por alguém, por que tantas pessoas sozinhas ao nosso redor? Essas pessoas já não deveriam ter se encontrado?

Mas vamos supor que você encontrou alguém. E você está naquela situação, empolgado, na beira do abismo, borboletas na barriga (“butterflies, you make me feel like butterflies…”) e tem que se decidir: pulo ou não pulo? O céu azul, o vento no rosto, a liberdade… Parece que uma força te puxa, te chama, diz ‘Pule, seja feliz!’.

E é nessa hora que você pode escolher. Pois sim, existe um determinado momento em que a gente escolhe se vai ou se fica, se damos a cara à tapa ou se puxamos o freio, se pulamos no abismo ou se damos meia volta. A partir daí, sinto lhe informar, é por sua conta e risco.

E, normalmente, a gente pula. Sem verificar se existe rede de proteção, se temos asas, se sobreviveremos à queda. Pensamos apenas no céu azul, no vento no rosto, nas borboletas na barriga. Aquela sensação! Ahhhh, aquela sensação vale tudo!

Mas, muitas vezes, nos estabacamos no chão. Com força! E ficamos ali, machucados, expostos, desprotegidos… E dói. Dói muito. Até mesmo nos esquecemos que sentir aquela dor era um risco que estávamos dispostos a correr. E praguejamos, choramos, sofremos. Amaldiçoamos o abismo, o frio na espinha, as borboletas na barriga. Malditas borboletas, infelizes borboletas! Juramos que nunca mais, NUNCA MAIS! vamos sofrer daquele jeito. Não vale a pena! E juntamos nossos caquinhos, nos remontamos, nos reerguemos. Pois apesar de não nos acharmos capazes, nós sempre sobrevivemos. É nosso instinto, é humano. Podemos nos refazer e ressurgir das cinzas. Seguimos nossas vidas. Observamos as pessoas à nossas volta, deixamos que o tempo se encarregue de colocar as coisas no devido lugar.

Até que num belo dia a lembrança daquela dor ficou pra trás. Estamos refeitos, trilhando o nosso caminho, a vida novamente nos eixos. E então surge um novo alguém que nos convida para um passeio… Empolgação, felicidade e, sem nos darmos conta, estamos ali novamente, na beira do abismo, apreciando aquele maravilhoso céu azul, o vento batendo em nosso rosto, o frio na espinha, as borboletas na barriga… Ah, as borboletas na barriga! Que sensação maravilhosa! E é nessa hora que você pode escolher. E então você pula novamente! Afinal, você pode voar!

*Originalmente publicado em 27 de março de 2009, mas eu poderia ter escrito isso hoje.

I believe I can fly
I believe I can touch the sky
I think about it every night and day
Spread my wings and fly away
I believe I can soar
I see me running
Through that open door
I believe I can fly…
I Believe I Can Fly (R. Keller)

14 Responses to Na Beira do Abismo (Republicando)

  1. Foxx disse:

    infelizmente comigo a maioria das vezes as pessoas não pulam… não pra me encontrar do outro lado, com outros, no entanto…

  2. Ro Fers disse:

    Pefeito suas palavras, me vi em todas as situações, afinal acho q de alguma gorma todos já passaram por isso, ou ainda irão passar…
    Forte Abraço!

  3. Lobo disse:

    Só pulo se o outro me der as mãos e pular junto. Me fuder sozinho é que não vou mesmo XD.

    Beijo Autor!

  4. Paulo disse:

    Olha, já pulei e muito. Com direito à acrobacias, piruetas e saltos mortais enquanto caia. Mas depois de algumas quedas, comecei a ficar com medo. Comecei a me perguntar o quanto valeria a dor final comparada ao período junto. E aí parei de pular…

    Recentemente to pegando coragem de novo… dando novas chances, abrindo espaços para que apareça alguma oportunidade para o grande salto. Vamos ver se elas aparecem…

  5. gary barlow disse:

    eu sempre pulo. quando dá errado, sinto a mesma vergonha do músico depois de uma stage dive frustrada (e a mesma dor de cabeça). quando dá certo… quando dá certo mesmo?

  6. Daniel Braga disse:

    Olá querido! Amei o texto, muito bom. E eu não tenho nada contra você republicar, afinal de contas eu não havia lido este ainda.

    ~Te espero no meu blog, até a próxima.

    *DB*

  7. Su disse:

    sijoga
    se tiver q chorar depois, don’t worry, te dou colo.

  8. Su disse:

    por que as carinhas que aparecem pro meu nome são as mais freaks? bullying contra a minha pessoa. humpft.

  9. SG disse:

    Aterrissando pela primeira vez aqui, também!

    Olhe… a parte das borboletas, do pulo, da queda e da estabacada eu acredito piamente. Passei por isso, já.

    Quanto à ressurreição e às novas borboletas… espero, MESMO, que aconteçam!

    Adorei seus textos. Vou vasculhar um pouco, posso?

    Um abraço!

  10. in.Constante disse:

    Ei, aconteceu algo de sexta pra cá? Medo do texto… eu tô com um texto quase pronto que se relaciona com este. Paixão… essa coisa avassaladora, sabe? É… eu não sei… Sempre fui mais tranquilo, de relações mais tranquilas, de ações mais tranquilas… E tenho cada vez mais me dado conta disso.

    O melhor é que acho que curto ser assim. Mas queria esta tempestade ao menos uma vez saber, na prática, o que é isto.

    Um xêro!

  11. Júlio César Vanelis disse:

    Sou um suicida [2]
    Quer saber? Não tem dinheiro que pague essa sensação das borboletas na barriga… Não me importa a possibilidade de me estabacar feio, eu só quero a possibilidade de sentir isso… E torcer para, ao pular, eu continuar voando… Voando até a eternidade (seria possível??), ou pelo menos até pousar em um local seguro, sem grandes estragos…
    Adorei o texto, cara… Uma das melhores descrições que eu já vi a respeito desse assunto… xD

    Beijão, rapaz… Até o próximo

  12. Lis disse:

    Eita,

    Só posso dizer :tava desconfiada que isto estava acontecendo uhauhuhaua
    E não adianta não querer pular…qdo a gente se apaixona… é bem dificil controlar o coração né?
    Então só coloca um para quedas de reserva tá? É melhor saltar o abismo preparado e nada de se esconder amigo…o amor é pra ser vivido as claras…

    Bjussssssss e boa sorte…

  13. Gui disse:

    Porque pular é sempre mais gostoso.

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